Associação Filarmónica de Óis da Ribeira - *Tuna de Óis* - Banda Filarmónica
Historial

As romarias eram, e são-no ainda por esse país fora, o comer e o beber da gente de Águeda, como escrevia Adolfo Portela. Não havia festa de santo que se prezasse sem os andores e os anjinhos na procissão e sermões de mestre pregador de arregalar os olhos e compungir as almas. Muitas delas ficaram na história e na nossa evocação. Mas festa não era festa sem os entremezes, as bandas em despique, o estralejar dos foguetes e a arruaça dos Zés Pereiras, ou sem as tunas.

As tunas abrilhantavam – assim se dizia – tudo quanto era festivo e comemorativo, baptizados e casamentos, festas do doutor novo, bailes nos pátios e nos terreiros. No velho Paté Cinema, em Águeda, por exemplo, as de Oronhe e Recardães, animavam os intervalos e sonorizavam as fitas antes do aparecimento do sonoro. Compostas por um menor número de executantes, na suavidade dos instrumentos de cordas, frequentemente substituíam filarmónicas de grande instrumental e acompanhavam a missa e procissão se o dinheiro das mordomias não chegava para mais.

Todos nós associamos, no entanto, as tunas ao profano e eis, felizmente, que elas estão de volta. De estudantes e de gente laboriosa dos campos e das fábricas.

A TUNA DE ÓIS DA RIBEIRA terá sido constituída nos últimos anos do séc. XIX, no entanto, as suas exibições em público, só terão merecido destaque na imprensa local nos primeiros alvores do séc. XX. Isso bastará para que se possa evidenciar com justificada satisfação, a sua tão respeitável como provecta idade.

Inicialmente dirigida pela batuta de Jacinto Matos, ferreiro de profissão, foi anos mais tarde dirigida por seu filho, Óscar de Matos.

Nesses tempos, sem rádio, sem televisão e até mesmo sem energia eléctrica na aldeia, os admiradores da Tuna reuniam-se à porta da casa de ensaios e aí, nas noites frias de Inverno, amenas e suaves da Primavera, ou nos fins das tardes cálidas de Verão, à força de tantas vezes ouvirem os mesmos “números” – porque a Tuna, para os despiques com as suas congéneres das terras vizinhas, tinha que sair bem preparada – forçosamente decoravam todas aquelas modinhas que serviam para as nossas avós cantarolarem enquanto nos embalavam, para que as gentes da Terra, em bandos, as entoassem enquanto se dedicavam aos trabalhos agrícolas, ou até mesmo para servirem de lamiré com que algum mancebo, assobiando, tentava atrair à janela ou ao portão-maior da casa agrícola, a sua conversada.

Após 31 anos de “silêncio”, voltaram a ouvir-se os sons da Tuna, desta feita sob direcção musical de Carlos dos Reis Matos (foto ao lado), filho de Óscar de Matos. Foi ele que, com alguns amigos, na maior parte irmãos, primos e outros, foi capaz de tomar a Tuna num momento de certo esmorecimento e dispersão, para a reorganizar e a alcandorar ao lugar de que ela hoje desfruta. A apresentação oficial foi realizada a 28 de Novembro de 1993, sendo de registar que alguns dos seus executantes o foram já no passado. Trata-se, pois, do remoçar de uma velha ideia que os imponderáveis da vida forçaram a suspender. Estava assim formada a actual Associação, pelo nome de AGRUPAMENTO MUSICAL TUNA DE ÓIS DA RIBEIRA. No entanto é de destacar que esta reorganização começou em Fevereiro de 1990, colocando-se na altura à disposição das comissões de festas da freguesia.

Em 2002 a Tuna conseguiu a almejada internacionalização. No Luxemburgo, onde se apresentou para abrilhantar as solenidades do Dia de Portugal, junto da comunidade Lusa ali residente, as suas actuações granjearam não apenas a admiração de todos quantos ali se encontravam, como desenvolveram laços de empatia e respeito que perdurarão por muitos anos em nossas memórias. Tal deslocação foi realizada a convite do comendador José Trindade, um aguedense há muito radicado naquele Grão-Ducado, mas só foi possível graças ao apoio da Câmara Municipal de Águeda, e particularmente do seu Vice-Presidente Elói Correia.

O grande passo seguinte foi a gravação do primeiro CD, em 2005, intitulado “Murmúrios da Pateira“.

Em 2011 a Tuna foi agraciada com MEDALHA DE MÉRITO DISTRITAL, recebida a 16 de Abril no Governo Civil de Aveiro, em detrimento de ser uma associação com mais de 100 anos.

Nesse mesmo ano, em Dezembro, o Concerto de Natal teve a particularidade de, pela primeira vez, a Tuna promover um concerto coral, desta feita com o Grupo Coral Jovem da ARCEL, de Espinhel, a 17 de Dezembro.

Em 2012, é promovida a primeira Masterclass na história da associação, nos dias 10 e 11 de Março, sendo o Clarinete o instrumento escolhido. A orientação foi do Professor Tiago Abrantes. Semanas mais tarde, a 19 de Maio, tem lugar um concerto pela Orq. Sinfónica do Conservatório Calouste Gulbenkian, no Salão Cultural da ARCOR.

A 16 de Outubro é escriturado o primeiro imóvel da associação: o terreno contíguo à actual sede. Um investimento a pensar no futuro!

Em 2013 surge oportunidade de gravar o 2º CD da Tuna, numa altura em que o som atingiu um novo patamar. A gravação do 2º CD, ocorre nos dias 13 e 14 de Abril, sendo a 21 de Setembro apresentado o “Brisas dÓis”, num fim de semana cultural onde também participou a Banda “Matos Galamba”, de Alcácer do Sal, no dia seguinte.

Realização do primeiro Magusto, a 10 de Novembro

O Concerto de Natal, a 21 de Dezembro, voltou a contar com participação de um grupo coral, desta vez de Fermentelos: “Espranjar”, da Banda Nova.

Em 2015 a Tuna inscreveu-se no INATEL como “Centro de Cultura e Desporto (CCD)”, tendo sido aceite a 26 de Novembro sob o Nº 6381. Pela mesma altura deu início ao pedido de declaração de entidade de utilidade pública (EUP), sendo que no momento em que este texto se escreve (Nov 2016), o processo estará a ser ultimado.

Em 2016 , por forma a dar resposta ao processo de EUP, a Tuna reuniu em assembleia geral extraordinária, por forma a alterar os seus estatutos de acordo com o solicitado pelo processo, tendo aproveitado a ocasião para alterar o nome legal da associação, mais adequado à realidade da associação. Neste sentido, foi então aprovada a alteração de “Agrupamento Musical Tuna de Óis da Ribeira”, para “Associação Filarmónica de Óis da Ribeira”. Uma alteração legal que nunca invalidará o tradicional nome, “Tuna de Óis”.

A 10 de Janeiro de 2018 foi publicado no Diário da República o despacho que declara o estatuto de Utilidade Pública da Associação Filarmónica de Óis da Ribeira. Despacho esse com a data de 29 de Dezembro de 2017.

Durante o 121º aniversário, a 25 de Novembro, é apresentado o novo fardamento, actualizando-se a descrição do logotipo para a “Filarmónica de Óis da Ribeira”, mantendo-se os tons de azul escuro e mudança para gravata de cor bordô. Esta nova farda bem substituir a que tinha sido estreada no aniversário de 2005, que apresentava o desgaste dos seus 13 anos.

Neste mesmo dia, durante o hastear da bandeira na sede, é tocado publicamente o Hino da Associação Filarmónica de Óis da Ribeira, da autoria do Cap. Amílcar Morais.